A linguagem jurídica é conhecida por sua complexidade e peculiaridades, sendo muitas vezes de difícil compreensão para aqueles que não possuem formação na área do Direito. No entanto, nos últimos anos, tem-se observado um crescimento preocupante no uso excessivo e desnecessário dessa linguagem, levando ao surgimento de uma nova tendência: o Juridiquês. Neste artigo, exploraremos o conceito de Juridiquês e seus impactos na comunicação jurídica e na sociedade como um todo.
O que é Juridiquês?
O Juridiquês é um termo utilizado para descrever a linguagem rebuscada, excessivamente técnica e de difícil compreensão usada pelos profissionais do Direito. São expressões complexas, termos em latim e jargões específicos que muitas vezes não têm uma função clara além de criar uma barreira entre os operadores do Direito e o restante da sociedade. Essa forma de comunicação tem sido criticada por dificultar o acesso à justiça e a compreensão das normas legais.
Os impactos do Juridiquês
O Juridiquês tem diversos impactos negativos tanto na prática jurídica quanto na sociedade em geral. Alguns desses impactos são:
1. Dificulta o acesso à justiça
O uso excessivo de termos técnicos e complexos dificulta a compreensão dos cidadãos comuns sobre seus direitos e deveres perante a lei. Isso cria uma barreira entre o sistema jurídico e aqueles que mais precisam dele, contribuindo para a exclusão e a desigualdade. O acesso à justiça deve ser amplo e efetivo, mas o uso do Juridiquês afasta as pessoas e torna o sistema ainda mais complexo e inacessível.
2. Prejudica a clareza e a objetividade
A clareza e a objetividade são elementos essenciais na comunicação jurídica. No entanto, o Juridiquês compromete esses princípios ao introduzir termos desnecessariamente complexos, aumentando a ambiguidade e a confusão na interpretação das normas legais. Isso pode levar a decisões equivocadas e a interpretações díspares por parte dos profissionais do Direito, gerando insegurança jurídica.
3. Reforça a imagem negativa do sistema jurídico
O uso excessivo do Juridiquês contribui para a percepção negativa da sociedade em relação ao sistema jurídico. Os cidadãos comuns muitas vezes enxergam a linguagem jurídica como uma barreira intransponível e um instrumento de opressão. Isso afasta as pessoas do Direito e diminui a confiança na justiça como um todo. É fundamental que a linguagem jurídica seja acessível e compreensível para todos, a fim de fortalecer a legitimidade do sistema jurídico.
Enfrentando o problema do Juridiquês
Para combater o problema do Juridiquês, é necessário promover uma linguagem jurídica mais clara, objetiva e acessível. Algumas medidas que podem ser adotadas são:
1. Simplificação da linguagem
Os profissionais do Direito devem se esforçar para utilizar uma linguagem mais simples e compreensível, evitando o uso desnecessário de termos técnicos e expressões em latim. É importante lembrar que a função da linguagem jurídica é comunicar, e não apenas impressionar com um vocabulário complexo.
2. Tradução adequada para o público leigo
Quando a comunicação com pessoas que não possuem formação jurídica é necessária, é importante traduzir os termos técnicos de forma adequada, explicando seu significado de maneira clara e compreensível. É preciso adaptar a linguagem ao público-alvo, tornando-a acessível para todos.
3. Educação jurídica para a sociedade
Promover a educação jurídica para a sociedade é essencial para que os cidadãos compreendam seus direitos e deveres perante a lei. Isso pode ser feito por meio de campanhas de conscientização, programas de educação jurídica nas escolas e ações de divulgação das leis e seus impactos no dia a dia das pessoas.
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Conclusão
O Juridiquês representa um problema real na comunicação jurídica, dificultando o acesso à justiça e gerando insegurança jurídica. É fundamental que os profissionais do Direito estejam cientes desse problema e se esforcem para promover uma linguagem mais acessível e compreensível. Somente assim poderemos garantir que a justiça seja verdadeiramente acessível a todos os cidadãos, fortalecendo assim a legitimidade e a confiança no sistema jurídico.